Companhia Naval Irmãs O'Sullivan - Autoridade Portuária

"Como você chegou até aqui sem ver a merda que estava lá fora?!" a frase estava passando da cabeça para os lábios de Kath quando o apito do elevador chamou sua atenção, anunciando a chegada, e ela desceu logo atrás de Jorge. Não gostou muito dele ter contado que ela havia sido atacada, e encarou o irmão de clã contrariada. Porém, quando já estava prestes a despachar os dois para encontrar Styx, Icárian revela que ele e Savage haviam sido atacado por lasombras.

- Essa escuridão é uma puta de uma merda! - exalta-se - esses lasombras são uma corja do Sabá. Temos que acabar com todos eles. Então é melhor vocês irem logo...

Pára no meio da fala, ao ver a bolsa que Icárian estende. Aproxima-se do gangrel, franzindo os olhos com estranhamento para o objeto.
- Mas que porra é esta...?

Não perde muito tempo especulando.
- Me dá isso aqui! - toma a bolsa das mãos de Icárian, mas não força muito caso ele resista. Começa a abrir e revirar em várias direções, como se tentasse vê-la por todos os ângulos, mas em um dado momento, Kathleen pára de manuseá-la, e apenas aperta o tecido, olhando-o fixamente, ás vezes fechando os olhos como se estivesse com sono...

Enquanto checa a bolsa, o lacaio de Kathleen liga para seu celular...

- Porra - sussurra John abaixando violentamente o queixo com a pergunta de Icárian.

Quando parece pronto a responder algo malcriado, Jorge se adianta e explica para o gangrel. O irlandês parece ficar ainda mais agitado, oscilando entre uma perna e outra, para a frente e para trás, embora encare a bolsa com curiosidade. Quando o celular toca, subitamente dispara, num rosnado de urso:

- Estamos perdendo um tempo fodido aqui. Não dá pra porra de vocês resolverem isso sozinhos?

A fama dos Brujah não era brincadeira, aqueles serviam bem como exemplos típicos do Clã. Quando John faz a pergunta, Icárian apenas acena com a cabeça e estende a mão para a moça esperando que ela lhe entregue a bolsa, ou que diga algo sobre ela, já que ele pensou que ela estivesse usando alguma disciplina quando fechou os olhos parecendo querer dormir...

_É minha prioridade, amigo. Mas se não puder me ajudar basta me dizer onde encontro outros de nós e daí eu sigo meu caminho.

Responde para Jorge.

- Vamos agora, gangrel. - ele respondeu, depois de ter permanecido um tempo em silêncio. Jorge mergulhara em uma espécie de transe.

- Acho que o primeiro lugar onde devemos procurar é o local onde ele foi sequestrado. Talvez eu encontre pistas que você deixou passar, Icarian.

- Merda maldita! - se exalta a brujah, furiosa ao ter sua concentração quebrada pelo toque do celular.  Apenas consegue não descontar sua raiva em Tom por saber que, se ele ligava, devia ser importante.

- Fala rápido! - manda ela assim que atende. Concorda com John de que estavam perdendo tempo e pretendia oferecer um veículo à Jorge e Icárian para eles saírem investigar. Porém, o que o carniçal lhe informa deixa a brujah com uma expressão de estranhamento.
- Ligar a TV?! Pra quê?

Não espera resposta. Caminha pelo corredor sem olhar para trás para ver se os outros a seguiam. Deixaria Jorge e Icárian seguirem sozinhos se quisessem, embora preferisse falar com eles antes. Abre uma porta e entrando em uma sala com vários computadores, algumas pessoas trabalhando e uma TV entre a parede e o teto. Kath pega o controle remoto em uma mesa, ligando-a, e a primeira imagem que vê faz ela salta pra tras, assustada.
- Puta que pariu!

O Ser que falava, não tinha qualquer abafamento na voz... Era como se falasse sem a mascara...

Boa Noite Nova Iorquinos... Sois comandados por um teatro de sombras... Sois joguetes nas mãos de seres maiores... E em razão disso livraremos voces desse encargo...

A menos de tres horas atras acabamos por inocular um virus em um de seus irmãos de Cidade. Esse virus foi criado geneticamente para destruir a raça humana de forma geométrica  

A cena corta para um humano preso em uma gaiola no chão... a voz continua

Esse homem foi escolhido para demonstar a efetividade do virus...  

A vitima estava apática... um homem pálido de jaleco injeta um liquido

um relogio na tela começa a mostrar em dias...

A vitima definha rapidamente em um prazo de sete dias até secar completamente

lindo não é? Isso acontecerá em todo mundo...  Não termos reivindicações. Queremos somente ve-los morrer... Resistir é inutil...

A imagem se perde... e com toda a certeza o caos se instalará...

Na verdade às costas da Brujah tudo virou de pernas para o ar... As pessoas que trabalhavam entraram em panico com as palavras do terrorista e sairam correndo de seus postos...

Um tremor seguido de um terremoto eh sentido...

Caos. Tudo se resumia a isso.

Icárian acena concordando com Jorge, mas quando a Brujah se enfurece e sai caminhando, o Gangrel segue atrás para reaver a bolsa que era a sua única pista. Então encontra a sala e assiste ao vídeo. Não compreende bem a situação, mas sabe que estavam em sérios riscos...

Espera a reação dos demais enquanto tenta não se assustar com o tremor.

Kathleen estava estupefata. Não conseguia acreditar que a Máscara pudera ser quebrada daquela forma, que o Sabá pudesse ter poder o bastante para executar aquele tipo de ataque, tecnológico além de físico. Biológico, o que era mais assustador! O choque em ver o vírus destruindo o humano deixa a brujah completamente boquiaberta. Se isso era capaz de apavarar ela, como imaginar o quão terrível isso deveria ser para os humanos?

Não esperou muito por uma resposta, pois os mortais correram desesperados antes mesmo que ela pudesse se recompor devidamente daquela ameaça terrível.

Poderia ser justamente este o objetivo do Sabá, apenas criar pânico. Poderia ser apenas um blefe para forçar a Camarilla a ocupar-se contendo a histeria coletiva. O vídeo não fora nem mesmo claro em dizer como acontecia o contágio. Se precisassem atacar todo o mundo com seringuinhas eles teriam bastante trabalho, e poderiam até mesmo serem identificados.

Porém, ela se lembra... uma lâmina cravada em seu corpo, que fez ela sentir uma dor fora do normal por todo o seu corpo. Não havia sido apenas o furo em sua carne e ossos, um tipo de dor que ela já sentira várias vezes antes. Havia se expandido, fazendo todos os seus nervos arderem, como se tivesse se espalhado pelo seu sangue...

Já havia deduzido que, para o Estranho ter preferido apenas cravar a lâmina em seu corpo, e não tentado mata-la, o que quer que estivesse na arma cumpria um propósito mais vantajoso do que eliminar a vampira. Kathleen agora entendia o motivo.

- Estou fudida... - diz, não com sua habitual explosão, ás vezes até debochada, mas como uma constatação aflita e dolorsa.

Não tem muito tempo para pensar, já que o tremor de um terremoto era uma ameaça ainda mais urgente. A marinheira só conseguia pensar em uma alternativa segura.
- SUBSOLO! SUBSOLO! - começa a gritar, dirigindo-se até as escadas. Queria que os humanos a seguisse, mas não podia ir atrás deles, apenas dizer o mais alto que podia, e esperar que fossem sensatos o suficiente para ouvir sua voz.
- SUBSOLO! SUBSOLO! - continua gritando enquanto desde os degraus da escada.

O terremoto se intensifica e Kathleen grita para irem ao subsolo. Ele cogita em se metamorfosear, mas ainda precisava da bolsa e queria saber se a Brujah havia percebido algo de diferente.

Segue atrás dela pelos degraus abaixo.

*Os punhos de John se fecham aflitos, com um abaixar violento de cabeça, diante do que passa na televisão. É evidente que o brujah se incomoda com aquilo e que algum processo mental deteriora seu humor já não muito animado. Mas, quando o terremoto começa, ergue a cabeça ao primeiro grito de Kathleen, movendo-se, ao contrário dela, diretamente na direção dos mortais. Sua voz forte, grave e áspera, eleva-se, enquanto tenta ativamente proteger as pessoas mais frágeis, idosos, deficientes, doentes*

- Subsolo! Subsolo! Vamos, eu seguro você. Subsolo! Você, desça por aqui, ajude este senhor a descer! Mais rápido, subsolo!

*Vendo que o gangrel também já descia, faz um gesto para Jorge auxiliá-lo, enquanto destemidamente recua ainda mais para verificar se alguém ficara para trás*

O brujah simplesmente desce. Não haveria o que dizer. Seus pés permaneciam firmes no chão, mas o caos estava prestes a se desenrolar. Será que a camarilla tinha reconquistado New York sem despachar Exu, pensou.

O tremor não durou mais do que dois minutos... Mas foi o bastante para desorganizar tudo que se via pelo caminho. Os cainitas nao tiveram nem tempo de descer para o subsolo para se proteger, mas viam pelo caminho vidro estilhaçado, papeis largados e computadores pelo chão...

Muita gente havia se machucado dentro do predio...

O caos parecia não ter fim, mas ele não tinha nada a ver com aquela situação. Se volta para a Brujah:

_Peço desculpas, senhorita, mas você tem muito trabalho aqui no seu refúgio e eu também tenho. Me devolva a bolsa, por favor, e se o senhor Jorge ainda quiser me acompanhar, estou de saída.

De pronto ele responde ao gangrel.

- Vamos, antes que as pistas esfriem mais que cadáver no necrotério.

Um olhar de impaciência salta no rosto de Kathleen ao ver John recuando para achar outras pessoas, mas ela não se dá ao trabalho de chamá-lo, e continua descendo e gritando para as pessoas nos andares que alcançavem.

O terremoto é pequeno, mas os problemas causados por eles não são. Ela continua insistindo para todas as pessoas descerem até o subsolo e assim que chega lá, a brujah lança um olhar para os feridos, resmungando.
- Esta noite não termina nunca.

Ouve o pedido de Icárian para devolver a bolsa, bem como a disposição de Jorge em acompanhar o Gangrel, mas não os responde de imediato. Continua olhando para os lados e tentando pensar no que fazer.

Apenas porque estava com pressa, e tinha muitos problemas a resolver, Kathleen estende bolsa de volta para Icárian, pedindo.
- Se puder trazê-la de volta para mim depois. Gostaria de analisá-la com mais calma… Agora vão, espero que tenham mais sorte que eu...

Voltando-se para as pessoas que se aglomeravam nos subsolos a capitã comanda em voz alta.
- Quem estiver ferido e puder andar entrem naqueles carros - ela aponta para três de seus maiores veículos - vocês serão levados ao hospital. Jack, Stephen, Bernard vocês dirigem! - destaca rapazes que lhe serviam de rebanho. - ajudem os que não puderem se locomover.
Prefeira não ter que chamar ambulâncias, mas tentou observar se havia alguém ferido demais para ser levado da forma como ela sugria.

A garagem da brujah ficava no subsolo, onde ela mantinha uma coleção pequena, mas respeitável de veículos. Esportivo, SUV, picape, minivan, além de três motos. Carros antigos, de colecionador, como o Ford Model T, também faziam parte. As chaves de todos eles ficavam em um pequeno armário, rente a parede, para onde Kath se dirige, tirando três delas e lançando-as aos rapazes que havia chamado, e logo está andando, de uma lado para outro, para conduzir os feridos.

Há pessoas demais para um homem sozinho proteger, ainda que seja um vampiro, ainda que seja alguém tão dinâmico como John Lyons. O tremor não dura, e o brujah, vendo-se separado dos outros vampiros, trata de ajudar quem dá, orientando as pessoas a descerem, amparando os menos feridos até que possa ordenar a outra pessoa para fazer isso e até carregando uma pessoa mais ferida nos braços.

Vai seguindo Kathleen, guiando as pessoas até o subsolo, e sua expressão não é nem de longe agradável quando passa por Jorge e Icárian.

- Puta que o pariu! Podia morrer a porra do universo inteiro e os dois langers* não são capazes de mexer um puto de um dedo para ajudar ninguém! Vão para a porra de um inferno!

Volta-se para Kathleen, os lábios pressionados e virados fortemente para baixo, e coloca o ferido que traz nos braços no chão.

- Vou voltar para ver se tem mais alguém que precise de ajuda.

*Langer: gíria de Cork não exatamente elogiosa...

O caos era paupável no subsolo do refugio de Kathleen... Nunca tante gente precisou de ajuda e em tão pouco tempo... Se aquelas pessoas ali estavam daquela maneira, imagine como estava seu tão amado porto...

Pensamentos correm e os membros do rebanho de Kath tambem... com muita propriedade eles ajudam os feridos a se encaminharem para os veiculos preparando os mesmos para imediata saida

No andar de cima, por sua vez John consegue verificar que poucas pessoas haviam ficado para tras, uma jovem estava caida no chão desfalecida...

Icárian não compreende de imediato a cara de John, nem muito menos o porquê de ele estar ajudando com tanto afinco as pessoas feridas. Eles podiam todos ser rebanho ou carniçais? Não sabia. Talvez o Brujah fosse um bom samaritano, ou talvez quisesse fazer dali uma pequena Cartago. Não era isso que as lendas contavam sobre essa tal cidade? Que lá os homens e vampiros viviam em harmonia? Não conhecia muito das lendas antigas, nem do passado dos Brujah, muito menos de John. Resolve então seguir seu rumo.

Acena positivamente quando Kethleen lhe entrega a bolsa. Mais tarde a traria novamente. Olha para Jorge, acena também e, sem dizer palavra alguma, segue rápido para cima e depois em direção à saída.

Kathleen se detém por um momento ouvindo o sermão de John em Icárian e Jorge. Não gostava de ter muita gente se metendo nos seus assuntos e não se incomodaria se eles fossem embora. Mas pela madrugada! Os dois poderiam tentar ser um pouco mais úteis! Seu conterrâneo não deixava de ter certa razão em reprendê-los. Porém, não diz mais nada depois de entregar a bolsa a Icárian, nem procura ver o que Jorge decide fazer.

Quando John avisa que vai voltar, ela faz um aceno energico com a cabeça, resmungando.
- Não demore.
E dá as costas, voltando a se ocupar com os feridos. Assim que o primeiro carro fica cheio ela abre o portão da garagem e dá a ordem para o motorista sair.
- Volte assim que deixar todos no hospital. Podemos precisar do carro de novo.

Dando uma batidinha na lataria, segue para verificar o segundo carro.

John faz um forte movimento positivo com a cabeça:

- Não demorarei.

Sobe os degraus correndo, de três em três, e está encaminhando as últimas pessoas para o subsolo, observando se alguém precisa de ajuda, quando vê a jovem caída. Não pensa muito e não diz nada. Apenas a pega nos braços fortes e apressa-se, pedindo licença. Nem chega a verificar se ela está viva ou morta, apenas chama ainda da escada.

- Kathleen, esta aqui precisa de ajuda!

As coisas pareciam estar se arrumando agora com os dois Brujah trabalhando juntos...

O primeiro carro com os feridos havia saido... Aqueles haviam sido os piores. Agora so restavam escoriações e pequenos ferimentos...

No entanto, no topo da escada, Jhon pega em seus braços a jovem... Mesmo sem querer sua experiencia como predador indicava que a menina apresentava baixa pulsação e sua pele estava estranhamente pálida... sua situação destoava daquela cena...

Como as pessoas mais feridas já estavam se encaminhando para o hospital, Kathleen fica um pouco mais tranquila, apenas orientando as pessoas a entrarem no outro carro. O chamado de John faz ela correr na direção dele, observando a moça desmaiada no colo do irmão de clã.

- Droga! Já despachei o primeiro carro... - resmunga a brujah, medindo o pulso da moça. A palidez acentuada e a pulsação baixa fazem a marinheira arregalar os olhos, um pouco assustada, recuando instintivamente. Seria uma carniçal do Sabá? Uma vítima de algum vampiro que invadira seu território? Ela olha nos olhos de John, se perguntando se ele compartilhava suas suspeitas, e então comenta.

- Acho melhor cuidarmos dela pessoalmente...

Jorge segue ao lado de Icarian. O gangrel teria de guia-los, não sabia onde o primogeno tinha sido sequestrado.

- Mostre-me o caminho, cara!

John ergue os olhos alarmados para Kathleen, com uma expressão significativa, forçando um suspiro. É evidente que seus pensamentos vão provavelmente na mesma direção dos da irmã de cla*

- Acho que sim... Há algum lugar seguro onde possamos levá-la... prestar os primeiros socorros?