Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey - Sede da Companhia Naval Irmãs O'Sullivan

A Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey (Port Authority of New York and New Jersey - PANYNJ) é um distrito portuário bi-estatal criado em 1921 (como Autoridade Portuária de Nova York) através de um pacto interestadual, que executa e mantém maior parte da infraestrutura de transporte regional, incluindo pontes, túneis, aeroportos, portos marítimos, além do Porto de Nova York e Nova Jersey. O distrito abrange uma área de 3 900 km², numa região geralmente dentro de 40 km da Estátua da Liberdade, no Porto de Nova York.

A Companhia Naval Irmãs O'Sullivan, assim como outras, tem sua sede ali. A empresa trabalha operando navios de carga, com foco na exportação de carros, para a Europa e a América do Sul. Fundada em 1912, a companhia teve seus altos e baixos, mas manteve desde então seu prestígio. Para a sociedade mortal, quem comanda a companhia é o herdeiro Tom O'Sullivan, mas a verdadeira proprietária, desde o início, é a brujah Kathleen.

A vampira mantém seu refúgio no subsolo da empresa, utilizando um espaço limitado, mas bem protegido e ricamente decorado. Composto de dois quartos, dois banheiros e um escritório particular.

Parada no cais, Kathleen ficou observando o navio de sua companhia deslizando mar adentro até perdê-lo de vista. Como sempre costumava acontecer em momentos como aquele, a marinheira se imaginou vendo a cena do lado oposto, dirgindo seu navio para longe do porto. Ficar estática durante a partida de uma embarcação ainda lhe causava uma sensação de estranhamento, era como se o mar a chamasse... Porém, a brujah tinha seus motivos para estar em terra firme.

Já navegara por vários lugares do mundo, mas o Porto de Nova York era um de seus favoritos, talvez perdesse apenas para Dublin... Sentia-se um pouco responsável pelo distrito bi-estatal, na fronteira de onde o Sabá se reorganizava, sobretudo depois que ajudara a recuperar a cidade para a Camarilla, fazendo o que fazia de melhor...

Uma noite, quem sabe, sob um céu estrelado, voltaria a sentir as malaguetas do leme deslizando sob suas mãos e a brisa marítima soprando-lhe um sabor de sal, mas até lá manteria sua âncora jogada em Nova York.

Passeou pelos arredores do porto, com as mãos enfiadas no bolso, os dedos ao redor do celular, caso ele tocasse com algum recado de seus funcionários ou um chamado da Camarilla. Seus olhos corriam o local como um observador casual, mas a brujah estava vigilante, atenta a qualquer sinal suspeito.

A noite estava fresca... O porto era mal iluminado naquela parte, mas ainda era cedo e tudo estava movimentado...

As maquinas ainda eram operadas. Empilhadeiras levavam carga para o próximo navio. Tudo parecia estar na mais perfeita ordem, diferentemente do que ocorrera a 2 semana atras quando finalmente a Torre Branca retomara a Grande Maçã.

A noite estava escura naquele dia, ótimo para o desembarque das tropas... O Saba não vira da onde vinha o ataque... A Brujah fora essencial em seu mister.

E talvez o fosse novamente...

Ao longe, na outra extremidade do porto, dissimulado entre os operários, a Brujah repara um estranho e pálido homem se afastando... Sua roupa ainda pingava, como se tivesse saido das aguas do Rio Hudson

Pouca luz nunca havia intimidado a brujah, pelo contrário, ás vezes o escuro era seu aliado... Já visitara portos muito menos iluminados, principalmente no passado, bem como portos precários demais para terem luz o suficiente.
Porém, um porto importante como o de Nova York não deveria se encontrar nesta situação. Isso facilitava para os inimigos... Poderia ter que mexer seus pauzinhos junto à Autoridade Portuária para que instalassem mais postes de luz naquela área. Não pretendia dar moleza ao Sabá.

Contudo, isso ficaria para depois. O barulho das máquinas e a movimentação de trabalhadores pareciam dar alguma espécie de segurança por enquanto, e Kathleen continou caminhando, até encontrar alguém diferente dos outros ali...

A brujah imediatamente ficou em alerta, mesmo que sua postura continuasse pretensamente serena. Um homem pálido, com a roupa pingando, só poderia ser um vampiro vindo de Nova Jérsey à nado. Será que estava prestes a causar problemas ou era apenas um dos apaixonados por Nova York, que só queriam aproveitar as atrações da cidade?

Era cedo para saber, só que tinha que ficar de olho nele. Pegou seu celular e começou a digitar uma mensagem, bem devagar, para não perder o homem de vista. Se as coisas ficassem feias, ela iria mandá-la.

A Brujah andava por entre os trabalhadores braçais, tentando não ser notada pelo estranho homem...

As roupas molhadas pingavam por todo o caminho que ele fazia, deixando uma trilha de fácil verificação... No entanto, outra coisa e que chama a atenção da Brujah...

A estranha mal iluminação do porto naquela hora tinha área certa e acompanhava o estranho homem, enquanto ele se afastava os primeiros postes do inicio do Porto retomavam sua iluminação normal.

"Mas que porra...!!!" pensa a brujah estupefata ao notar o efeito que o estranho vampiro causava na luz. Seria truque de lasombra? Uma estratégia dele para não ser perseguido? Pelo visto estava dando muito errado. O que adiantava ser um pisca-pisca ambulante se deixava aquele rastro de água no chão? "Rato de fossa!" pensa com desdém a marinheira.

Sua mensagem já estava pela metade, porém, apesar de afetar as lâmpadas, o vampiro não havia feito nada de anormal. Kathleen ainda podia conceder-lhe o benefício da dúvida. Caminhando devagar, deixando que os trabalhadores, com os quais já estava familiarizada, passassem à sua frente, continua de olho no homem, terminando de digitar sua mensagem. Seguiria o bastardo onde quer que ele fosse.

Talvez por um sentido diverso, talvez pelo fato de um dos homens ter lhe saudado chamando-lhe o nome, o Estranho se virara e vira que Katheleen o acompanhava... Seus olhos se cruzaram e finalmente ela percebeu que boa coisa não podia vira dali...

Derrepente tudo aconteceu....

O mundo da Brujah virou de ponta cabeça, não tinha mais sua visão... Apenas um negrume solido como uma parede de tijolos... Sua audição estava perfeita e com ela podia ouvir que a cena a sua volta mudara de uma simples noite de trabalho a uma cacofonia de gritos e lamurios....

Kathleen não sabia com certeza o que fizera o Estranho percebê-la, mas já quis praguejar contra qualquer que fosse esse motivo. O cruzar de olhos foi o fim da linha, fazendo-a ter uma tensa previsão. Ia dar merda.

Tudo sumiu num piscar de olhos. Literalmente. A brujah tentou em vão girar o rosto freneticamente para recuperar sua visão, mas tudo o que pôde constatar era que estava impotente em meio à destruição que conseguia ouvir a seu redor. Só não podia dizer que estava cega em tiroteio porque não era um tiroteio.
- Filho da puta! - esbraveja Kathleen. Seus dedos avançam no teclado do celular, mandando a mensagem que estivera escrevendo para seu carniçal na sede da Companhia, Tom.

"Sabá no Porto. Chame reforços. Traga meu arco."

Coloca rápidamente o celular no bolso, pensando que merda adiantaria seu arco se estivesse cega, mas escrevera assim, não tinha como mudar. Tenta fazer uso de todo o seu autodomínio possível para pensar no que fazer numa situação tão desesperadora. Sua única idéia é uma atitude drástica...

Reunindo todo o poder impactante de sua Presença em relação às pessoas, toda a aura atraente e poderosa que sua existência sobrenatural concede, a capitã ordena.*

- ENTRE NO NAVIO MAIS PRÓXIMO! CONDUZA A EMBARCAÇÃO PARA O OCEANO. DISPERSEM OS NAVIOS NO ATLÂNTICO!  

Kathleen não sabia dizer se fora sua ideia mais brilhante ou mais burra, mas não podia ficar parada, sem fazer nada, ouvindo todo o mundo ser estraçalhado. Raciocinara que, tirando as pessoas do porto e colocando-as no navio, o vampiro não poderia atacar todas de uma vez só, como se elas fossem galinhas fugindo do galinheiro. Alguns navios talvez tivessem tempo de sair do porto, e isso exigiria que o Estranho tivesse que perseguir navio por navio à nado se quisesse matá-las. Poderia conseguir salvar a vida de alguns marinheiros com isso.

Havia a possibilidade, muito otimista, do vampiro ter sucumbido à potência de sua Majestade. Porém, só os sons poderiam dizer. Restava à brujah manter-se atenta à eles, com os braços erguidos em guarda.

*OFF: Presença:5 - Majestade

Escuridão... Trevas... Perdição... Somente isso era sentido pela Brujah...

Estava perdida no meio da escuridão, afogando-se em um rio de sombras e esquecimento...

Ao longe podia distinguir parcos sons humanos, mas não conseguia precisar a distancia... Mas sabia de uma coisa a Mascara fora estilhaçada no seu turno.

Em um lampejo de auto-sobrevivência conseguira fazer sua vontade prevalecer, ativando o don de seu sangue... A aura que emanava digladiava-se com a escuridão que a permeava.. Estava ali sozinha tal qual a fagulha essencial que precedera o Big Bang perdida no Caos Primordial.

Movimentar-se era dificil, pensar quase impossivel... Mas ainda assim o ataque não viera, ainda não... Mas podia pressentir uma pesada presença se aproximando lentamente...

A escuridão que não passava começava a fazer um desespero tomar conta de Kathleen. Se ficasse cega para sempre? Seria impossível poderia atirar com o arco. Nunca mais poderia comandar um navio; que serventia tinha um capitão cego?! Sem poder olhar os mapas, o movimento das marés, a distância até o porto. NÃO! Isso não podia acontecer com ela! Preferia morrer a ser condenada à escuridão.

Tateando, tentava achar alguma saída. Algum caminho onde pudesse ver o resquício de luz. Um objeto, uma parede, que a guiasse para outro lugar, mas não achava nada, e isso só aumentava sua angústia. Solitária como nunca tinha se sentido antes, mergulhada em um breu sem fim...

Conteve-se, buscando toda sua força para não desabar, em gritos ou lágrimas que expusessem sua fraqueza. Era só um truque de Lasombra, e o esmurraria até a morte assim que conseguisse encontrá-lo.

Porém, não pôde evitar certo medo ao sentir a presença de alguém, por mais que continuasse reunindo sua coragem, cerrando os punhos, a espera de quem vinha.
Perguntas estúpidas como "Quem é você" ou "O que você quer de mim" eram desnecessárias. A brujah já sabia as respostas. Era um Sabá. Estava brincando com ela, divertindo-se sadicamente até matá-la, talvez, ou apenas pelo prazer de humilhá-la. Verme maldito!

Resoluta, a brujah tentou se aproximar da presença que ouvia, com os ouvidos atentos para qualquer ruído que revelasse algo sobre seu inimigo.

Tateando, lutando para avançar naquela escuridão pegajosa, Kathleen sente finalmente seu adversário...

Seus dedos longos e gélidos seguravam-na por trás, nos ombros, forçando a ficar parada...

O toque frio invadia-lhe a alma... Uma voz surgia em sua mente

Algoz dos meus irmãos... Arqueira vil... Contrabandista de infieis... Essa noite se inicia a vingança da Espada de Caim e ela recairá sobre voz como a Lamina do Criador

O estupor que recaira sobre a Brujah se desvanece a tempo de sentir uma lamina encostar-lhe nas costelas.

Um arrepio congelante percorre a espinha de Kathleen assim que aquelas mãos prendem seus ombros. A voz que ressoa em sua mente é igualmente assustadora, deixando-a rígida, em choque. Ficaria parada, mesmo que não estivesse sendo segurada, tamanho é seu espanto.

Contudo, em meio ao terror, a marinheira se dá conta de uma coisa. Ela era o alvo. Não havia sido apenas um ataque aleatório do Sabá. Havia sido uma busca premeditada por ela.

Durante essa conclusão a brujah consegue reestabelecer seus sentidos, bem quando a lâmina está em suas costelas. Rapidamente ela reage. Levanta uma das pernas e lança seu pé na direção do joelho do homem às suas costas, chutando-o com toda sua força, que não era pouca, além de Potencializada*. Sua intenção era quebrar a perna dele. Conseguindo ou não, a brujah avançaria na luta, tentando imobilizar seu adversário, segurando-o pelos pulsos e derrubando-o no chão. Seu corpo, assim que recuperasse o movimento, aceleraria seu sangue para dar Rapidez* a seus ataques.

*OFF: Disciplinas Auto-explicativas

A Brujah lutaria às cegas mas podia sentir onde seu atacante estava... Não estava tão impossibilitada de se defender!

Assim que ela sente o frio aço nas suas costelas movimenta-se de forma a tentar se desvencilhar e quebrar a perna de seu atacante com a potencia de seu sangue... Mas, naquela redoma de escuridão as coisas não pareciam estar onde deveriam... O "coice" da Cainita passa ao longo, sem nada atingir, desestabilizando-a a ponto de ser uma presa relativamente fácil para quem a atacava...

Já sabia de antemão que estava encrencada e tem a certeza quando sente o a lamina perfurar-lhe as vestes e macular sua carne na altura de suas costelas e a dor percorrer todos os nervos do corpo levando mensagem ao seu cerebro morto vivo...

Um filete de sangue desce do ferimento... O som se perde... Mais uma vez Kathleen estava no perdida no abismo...

Mas por algum motivo a mortalha se levanta, encontrando-se caída com a lamina ainda enfiada em seu corpo

OFF: Kathleen rolou 9 dados de 10 lados com dificuldade 7 para chute que resultou 10, 1, 4, 2, 10, 3, 2, 1, 5 - Total: 0 Sucessos
Lassombra rolou 6 dados de 10 lados com dificuldade 5 para ataque com faca que resultou 2, 6, 3, 2, 5, 9 - Total: 3 Sucessos
Katheleen rolou 3 dados de 10 lados com dificuldade 6 para absorção que resultou 4, 5, 3 - Total: 0 Sucessos
Resultado: 3 niveis de vitalidade - letal

O inimigo estava praticamente atrás dela. Ela era uma lutadora experiente. O que poderia dar errado? Tudo quando não podia enxergar um palmo à frente do nariz, que dirá atrás. Kathleen sente o golpe, no qual investira todas as suas chances, desperdiçar todas elas no vazio, e com seu desequilíbrio, sabia que baixava a guarda. Recriminou-se pela sua estupidez e temeu pelo que viria.

A lâmina do Estranho encontra seu destino, dentro de suas costelas, e Kathleen dá um gemido de dor ao sentir o metal forçando o caminho, arrebentando camada por camada de sua pele e órgãos. A brujah não consegue mais pensar em seu inimigo, mal poderia achá-lo na escuridão densa e sufocante. Só consegue sofrer pela dor aferroando seu corpo.

A luz que incide em seus olhos novamente é um breve momento de alívio. Breve mesmo, pois a visão das pessoas mortas no porto destruído vêm somar à sua alma a dor que sentia em seu corpo. Como se não bastasse o Primógeno de seu Clã a olhava de cima, em pé, como um espectador da agonia da derrotada marinheira, pateticamente estirada no chão e ferida.

Gemendo mais uma vez, Kathleen tenta tirar aquela lâmina de seu corpo, sabendo que isso faria brotar ainda mais sangue, mas poderia ajudar a fechar o ferimento por inteiro. Deixando a lâmina ensanguentada à seu lado, a brujah franze o cenho, tentando se curar com o poder de sua imortalidade.

- Styx... - arfou a brujah - Tom chamou você, foi?

A cena era desoladora... Corpos espalhados pelo chão... Postes arrancados... Barcos e equipamentos danificados... O panico generalizado... A Mascara fora estilhaçada e Kathleen estava no meio disso tudo.

Não podia quantificar o dano que o Sabah causara no local... Mas podia muito bem medir a extensão do dano no seu corpo... A lamina, quebrada, brotava do seu flanco e a dor não amortecia...

Retirá-la não foi fácil... Ela havia ficado presa entre suas costelas... Mas com certo esforço a Brujah conseguiu puxá-la deixando uma ferida que se fechava de maneira sobrenatural...

Acima de tudo aquilo o Primogenito Brujah guardando o celular, olhava para ela e se abaixava para ajudá-la a se levantar

Sim.. Recebi o pedido de ajuda e encaminhei para cá, determinando que outro Recem-Chegado o fizesse

Ele coloca o braço da brujah em volta dos ombros e a ajuda a levantar fazendo menção a lamina que estava no chão

Acho que deviamos levar essa lamina aos Tremere... Algo me diz que tem mais merda pra sair disso ai...

Agora que reparara a peça tinha estranhas inscrições de uma lingua que nenhum deles, parecia, sabia decifrar

Kathleen deveria ter desconfiado que a lâmina era fora do comum. Fosse pela dor enorme que causava, se espalhando ardida por todos os seus membros; fosse pela dificuldade em tirá-la de si, exigindo muito mais de sua força do que imaginara a princípio, causando ainda mais dor por friccionar direto no osso de suas costelas. Gemeu penosamente até deixar a arma de lado com alívio. O ferimento que se fechava conseguia amortecer um pouco a dor em sua carne, mas sua mente martirizava-se em pensar na destruição completa do porto. Vidas e estruturas perdidas, um trabalho imenso para recuperar, se é que seria possível. Tudo por causa de sua incapacidade de conter o inimigo.

Teria vontade de chorar, se não estivesse com tanta raiva. Não só do Lasombra, mas sobretudo de si mesma.

Aceita a ajuda de Styx para se levantar, franzindo um pouco o cenho com a informação dele.
- Um recém-chegado? Quem? - lança um olhar para o porto - pena não terem chegado a tempo... se eu tivesse ao menos conseguido agarrar o maldito por algum tempo... - fecha o punho e agita - rato de fossa!

Somente o aviso do Primógeno faz Kathleen perceber as peculiaridades da arma. Pega-a do chão, segudando-a pelo punho, e examina-a detidamente, ás vezes, até passa os dedos pela lâmina, demorando-se um bom tempo em sua inspeção, com uma expressão tensa e preocupada, antes de responder.
- Você tem razão... vou só limpar meu sangue daqui antes. - acrescenta cautelosa, pegando um pedaço limpo de seu casaco e passando na lâmina.

Styx conhecia a Brujah tempo o bastante para saber o que ela estava fazendo... Mas preferia não se intrometer.. Aguardara Kathleen limpar a lamina...

No entanto ela não teve tempo para isso...

Perdida dentro de sua mente, a Brujah se ve navegando um barco de bandeira verde e um sol vermelho... em pleno dia... a muito não via a luz do sol... o sal e a brisa marinha eram reconfortantes... Mas o mar fica revolto... uma nuvem de fumaça e furia cobre o ceu, lançando o barco da Brujah na costa... fazendo-a atracar frente ao um pálacio a tempo de ver um rei de dez cabeças surgir pelos portais e rugir aos quatro ventos sua fome e sua furia...

De volta a realidade... Mais uma vez kathleen se encontra nos braços do primogenito... Ele a sacudia

O celular de Styx toca.

Se Kathleen estivesse minimamente consciente, mesmo dentro de sua ilusão, perceberia quão surreal era estar sob o sol. O medo dos raios do dia era tão instintivo que ela até chegou a sentir um estranhamento por um tempo, mas deixou-se levar pela beleza da paisagem, pela calma que o mar lhe transmitia. A marinheira, mesmo depois do Abraço, desejava poder navegar de manhã, com luz plena. Seu desejo era realizado...

Até chegar a tormenta... Kathleen se vê fazendo todas as manobras que está habituada para manter o barco seguro na fúria do mar que arrastava a embarcação, só que a fumaça escura e densa atrapalhava demais sua visão, como um maligno presságio... Não apenas não consegue ver para onde tentava jogar o barco, como nada parecia funcionar diante do ímpeto poderoso das águas. Sente o baque da batida brusca do casco em terra, e sabe que nada mais podia ser feito. Resta-lhe apenas erguer os olhos para o palácio e ver imponente, e bizarro, rei clamando sua vontade...

Kathleen acorda sobressaltada, seus olhos agitados levam um tempo para se acostumar à realidade, e fitam o primógeno em pânico.
- Styx, o que aconteceu? Por quanto tempo eu apaguei?

Precisava contar ao Primógeno o que havia visto, mas como o celular dele começa a tocar, prefere deixar ele atender primeiro. Quase ao mesmo tempo, o seu aparelho no bolso apita o sinal de SMS. Seriam más notícias de seus marinheiros?

O primogenito estava realmente preocupado, Kathleen podia ver isso nos seus olhos...

Vc simplemente caiu no chao gritando alucinada... O que esta havendo com você?

No mesmo instante o celular de Styx toca e ele a deixa e apos certificar-se que a Brujah ficaria bem, atende.

O'Conel falando

Quem fala do outro lado no celular é uma voz de barítono, um tanto rude e rouca - uma rica voz de urso, cheia de autoridade e charme e paixão -, com um sotaque irlandês característico, que um conhecedor reconheceria instantaneamente como do sul do país, não muito diferente do sotaque de Kathleen, embora mais vivo.

- Boa noite, sr. O'Donnel. Meu nome é John Lyons, acabo de chegar da Irlanda para reforçar nossa companhia nesse momento necessário. O sr. se importaria de nos reunirmos para que eu possa tomar pé da situação e realizar os procedimentos para minha plena instalação?

Apesar da forma educada das palavras, disfarçadas num vocabulário de negócios, o tom de John é direto, como o de uma pessoa sem tempo a perder.

Kathleen franze os olhos incrédula.
- Eu fiz isso? - então se desviam confusos, dizendo quase em tom de protesto - eu não sei! Isso nunca aconteceu comigo antes. Não desse jeito... - a brujah lança um olhar à lâmina derrubada no chão, chegando à única conclusão possível - será que é efeito dessa merda de espada mágica?

Imaginar que tipo de feitiço poderia ter se impregnado nela deixava-a preocupada. O Estranho se dera o trabalho de se deslocar até o porto atrás dela, conseguido acuá-la, e preferido cravar-lhe a lâmina e fugir ao invés de levá-la à Morte Final. Havia cumprido um propósito mais vantajoso do que eliminá-la completamente, e essa era uma perspectiva sinistra.

Mesmo atormentada, a brujah se põe sobre as próprias pernas assim que tem forças para isso, deixando o Primógeno livre para atender seu celular, bem como a ela ver a mensagem que tinha chegado no seu.
Kathleen a lê e relê, pelo menos umas três vezes para ter certeza de que realmente era verdade, e não sabe direito como reagir tamanha a turbulência de sentimentos que notícia provoca. Fica muito feliz por um lado, até momentâneamente aliviada, mas sabe que o agrado de hoje não evitaria problemas e dores de cabeça no futuro, um futuro muito próximo talvez.
Responde a mensagem e guarda o celular no bolso, voltando a pegar a lâmina, com um ar de temor e lástima, para enfim limpar seu sangue dela.

Styx era igualmente direto, ainda mais numa situação como aquela....

Perfeito Sr. Lyons, creio que não haverá melhor hora para um encontro entre os Brujahs dessa Cidade do que agora... Alguma coisa estranha esta acontecendo e quero me certificar que não é nenhum dos meus... Por favor me encontre nas docas, estarei aguardando...

Desliga sem aguardar a resposta do Brujah, tinha outra preocupação agora e ela estava na sua frente...

Olha para Kathleen como se a medisse por algum tempo e questiona

Conte-me tudo que aconteceu aqui... Vi poucos sobreviverem a uma mortalha como aquela...

Após algum tempo o brujah alcançou as docas. Não sabia onde, exatamente, encontrar O'Donnel, então ligou novamente a ele.

Kathleen certifica-se minuciosamente de não ter deixado uma gota de seu sangue na espada, chega até a molhar a ponta de seu casaco na água do mar e passá-la na lâmina para não deixar nenhum vestígio. No meio do processo, ela recebe outro SMS, e pega o aparelho com tanta ansiedade que apenas deixa a arma em algum lugar no chão, ficando com as duas mãos sobre o celular. Lança um breve olhar a seu redor antes de responder.

Olha de volta para Styx, conforme ele a media, e o comentário dele faz ela desabafar sombria.
- Por um momento eu também pensei que nunca mais sairia de lá...
Suspira, abaixa os olhos, tentando decidir como começar.
- Eu estava aqui no porto, vigiando, quando eu vi um homem suspeito em meio aos trabalhadores. Ele era pálido e estava ensopado, como se tivesse vindo até aqui nadando pelo Rio Hudson... Sabia que ele poderia causar problemas, ou poderia ser um desses "turistas" que precisamos ficar de olho,  então comecei a seguí-lo, mas ele me percebeu e foi aí que tudo ficou escuro e eu não consegui ver mais nada...

Kath dá alguns passos a esmo, mais hesitante em continuar seu relato, mas mesmo com a voz embargada ela prossegue.
- Só conseguia ouvir. As pessoas gritando, gemendo... Fiz tudo o que estava ao meu alcance, mesmo naquela escuridão. Reuni todo o meu poder para mandar as pessoas fugirem em seus navios, mas acho que elas não me ouviram... - olha desolada para os corpos espalhados no porto - não sei quanto tempo eu fiquei no escuro, só sei que o desgraçado veio em minha direção, e me disse algo... - olha para cima, tentando se lembrar - me chamou de "algoz de irmãos", "arqueira vil", "contrabandista de infiéis", disse que eu ia pagar pelo que eu fiz, alguma baboseira assim. Acho que ele deu um nome pra espadinha dele, Lâmina do Criador, será...? Enfim. Eu tentei lutar com ele, mas fui derrotada, e ele cravou essa lâmina em mim e foi embora. Doeu demais. Raras vezes eu senti tanta dor, e já estive em milhares de batalhas...

Entrega a lâmina para o Primógeno, concluindo alarmada.
- Este cara não estava no porto só pra criar caos. Estava atrás de mim, para enfiar essa lâmina no meu corpo. Não sei o que ele pretende com isso, mas ele conseguiu o que queria.